Olá! Aqui quem digita é Andressa Gohan e na dica de quadrinista nacional deste
mês falo do digníssimo Thiago Egg, colega do Acre do sudeste, terra de
ninguém, povos excluídos sem evento de quadrinhos Espírito Santo, dono de
um traço único e muito fofo, foda, dahora de muita personalidade, sem
contar nas paletas de cores memoráveis.
Pilotar pelado, quem nunca? |
Cris e a felicidade de ganhar um print no sorteio |
Este bacanudo desenhista abandonou alguns minutos de sua vida de
luxo em uma cobertura duplex de Jardim da Penha entendedores entenderão
para responder ás perguntas constrangedoras desta que vos digita e
compartilhou a experiência de participar em eventos, contou sobre a carreira e
muito mais, confiram aí:
1 - Me conta um pouco sobre seu
trabalho como ilustrador, como tudo começou?
Eu desenho desde pequeno, e nunca parei de desenhar. Não lembro bem onde começou, lembro que quando eu tinha uns 08 ou 09
anos fazia uns quadrinhos em cadernos da escola e distribuía para a sala toda
ler, tinha até um sistema de controle pra saber com quem estava os cadernos na
semana, quando me devolviam os cadernos, os colegas anotavam ideias nas
paginas, ou participavam na continuação das historias. Eram sempre com temas
bem da idade mesmo, muita sacanagem, palavrões e desenhos copiados do que eu
andava lendo, geralmente Ziraldo, gibis da Disney, muitas tiras de jornal,
coisas do Angeli, Glauco, Jaguar, Adão Iturrusgarai, Calvin e Haroldo, Recruta
zero e até as cobrinhas do Millôr, que eu não entendia nada mas adorava.
Sou natural de São Paulo, e trabalho desde os 14 anos, comecei como
office boy de um escritório de despachante, rodando toda a grande São Paulo, e
minha formação de desenho começou nos sebos e bancas do centro, garimpando gibis
velhos e baratos com o troco que sobrava, depois fiz muita coisa, estive na
primeira turma do curso de histórias em quadrinhos da Fábrica de Quadrinhos, lá
pelo final dos anos 90, trabalhei como desenhista de brinquedos e produtos de
madeira na Suiça, estudei produção gráfica e fui trabalhar como Designer
Gráfico em distribuidora de filmes (já fiz capas de DVDs pra Jaspion, He-man,
trabalhei com a saga crepúsculo e mais um monte de coisas) Nunca vivi de
desenhar, na verdade sempre foi minha "segunda profissão". Hoje vivo
em Vitória e trabalho como diretor de arte em agencia de publicidade, mas
continuo fazendo meus trabalhos de ilustração como freelancer e criando meus
projetos pessoais de quadrinhos e ilustração, desenhar ainda não é minha
principal profissão, mas quem sabe um dia.
2 - Seu traço é fantástico, um
estilo que já bato o olho e rola uma identificação imediata. Foi muito difícil
chegar até ele?
Nunca é fácil, acho que ainda tenho muito pra estudar e melhorar, meio
óbvio falar isso, mas é a real. Tem vezes que acho que ficou foda demais um
desenho que fiz, mas passam alguns dias e quando olho de novo pra ele acho uma
bosta. Acredito que isso é natural pra todo mundo, em algum momento a gente
acaba chegando em um ponto que fica mais equilibrada essa sensação de gostar e
não gostar do que faz e fica tudo mais confortável pra podermos nos soltar, e
divertido de fazer. No geral desenhar me diverte muito, e sou muito
influenciado pelas coisas que costumo consumir, como todo mundo acredito que
seja, de desenhos animados a filmes, Instagram, quadrinhos e tudo mais. Aí vou
fazendo coisas que gostaria de ver por ai. Sempre rola muito aquele papo de que
é um traço meio infantil, meio indefinido, muito simples as vezes, é bem por ai
que quero ir mesmo.
Amahoy e a fofura level hard |
3 - Acompanhei o financiamento
coletivo no Catarse de "Amahoy", pode nos contar um pouco como foi
essa experiência e a reação do público, especialmente na CCXP2017?
Foi uma doideira, sério, é algo que eu não imaginava mesmo onde estava
me metendo. O tempo foi matador e é algo que não recomendo que seja feito
sozinho.
Sempre quis muito publicar uma HQ minha, desde que comecei a desenhar,
mas sabe como é, trabalhar pra pagar as contas sempre foi a maior prioridade e
toma a maior parte do tempo. Não sei bem como consegui tempo pra começar a
fazer esse gibi, mas saiu! não é nem de longe o que imaginei como uma primeira
publicação. A Reação da galera que acompanhava conforme eu produzia e publicava
online, a empolgação de alguns amigos e a felicidade de ser selecionado para
participar da CCXP, só incentivou mais ainda pra que acontecesse a versão
impressa. E estamos, com certeza, no melhor momento para isso, nunca vimos o
mercado de publicações independentes tão aquecido por aqui. O Catarse é uma das
principais ferramentas pra quem quer publicar hoje em dia. E mesmo a minha
campanha não chegando nos 100% da meta o livro saiu (consegui 70%), foi um
sufoco, achei que não ia rolar, mas fiquei muito feliz com o resultado no
final. Não sou um cara conhecido e minha primeira publicação não é algo muito
comum de se ver por ai, mas mesmo assim a aceitação esta sendo bem positiva.
Tive um retorno super legal da galera da cena dos quadrinhos, gente que sempre
admirei e não imaginava que poderiam um dia ler algo que eu fiz. Durante o
lançamento na CCXP o publico que passou pela minha mesa foi muito legal, recebi
muitos feedbacks ali mesmo, de gente que comprou no primeiro dia e veio nos
seguintes me contar o que achou. Os apoiadores da campanha, alias, super
compreensíveis com todas as dificuldade de produção e distribuição, também me
respondem com suas criticas e elogios e isso só me incentiva a ir em frente e
produzir mais, corrigindo os erros pelo caminho e me preparando para a
conclusão dessa historia no volume dois.
4 - Quais são os maiores
desafios de ser um quadrinista no Brasil? Você percebe uma melhoria no
interesse do público com o passar dos anos?
Como já disse, acho que esse é o melhor momento para publicação de obras
independentes no Brasil, e a melhor fase para os quadrinhos também, de qualquer
gênero. Nos últimos anos só vimos essa cena crescer por aqui, com muitos
títulos e autores surgirem. Sempre tivemos quadrinhos de qualidade sendo
produzido no nosso país, grandes autores e obras, mas pouco conhecidos para o publico
em geral, tirando Mauricio de Souza é claro, que é um capitulo a parte na nossa
cultura. Mas isso esta mudando, ainda bem, mesmo ainda sofrendo com o estigma
de ser uma arte menor, ou coisa de criança, as vezes até algo meio alternativo
e restrita a um mercado pequeno de leitores, vejo um movimento grande das HQs
se popularizando e sendo valorizadas. Claro que falta ainda muito incentivo e
espaço para divulgação e estudo, mas a internet é um dos principais meio nesse
momento, e esta ajudando bastante. Existem também essas feiras de publicações
que estão criando um novo mercado, e claro, os eventos de cultura pop como a
CCXP, e outros. O cinema e as séries com as obras baseadas em HQs ajudam muito
também, mas ainda falta espaço. Aqui no ES, por exemplo, temos pouquíssimos
lugares para isso, poucas ou quase nenhuma feira, e nos quase 6 anos que estou
por aqui, vi poucas loja com espaço para esse publico e nenhuma livraria ou
loja especializada em HQs. As coisas parecem demorar um pouco mais pra chegar
aqui, mas com todo esse movimento rolando espero que logo possamos ver essa
cena crescendo e se popularizando por aqui também, ainda precisamos trabalhar
muito pra que isso aconteça.
5- quais são seus projetos em
andamento e futuros? Teremos novidades?
Atualmente estou só pensando na continuação de Amahoy, espero poder
terminar essa história ainda nesse ano, se possível para a CCXP (se eu for
selecionado novamente, claro).
No fim de maio vou participar do FIQ em BH, e estou bem empolgado com
isso. Tenho planos para continuar a publicar durante o ano mais histórias de
outros títulos que tenho na internet como, "O Carudo",
"Nubi" e "O Farol" e estou trabalhando, quando consigo, em
histórias para um gibi de aventura sobre uma menina Druida. O tempo para produção
é sempre o maior inimigo, mas não pretendo parar de produzir quadrinhos, mesmo
que devagar vou continuar enquanto puder =)
Bora!!!! |
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