segunda-feira, 26 de março de 2018

Dica de Quadrinista Nacional #02 - Thiago Egg

Olá! Aqui quem digita é Andressa Gohan e na dica de quadrinista nacional deste mês falo do digníssimo Thiago Egg, colega do Acre do sudeste, terra de ninguém, povos excluídos sem evento de quadrinhos Espírito Santo, dono de um traço único e muito fofo, foda, dahora de muita personalidade, sem contar nas paletas de cores memoráveis. 

Pilotar pelado, quem nunca?
A linguagem de quadrinhos apresentada é muito bem elaborada e a atenção aos mínimos detalhes que compõem a cena, até porque muitas das histórias são mudas adorommm enfim, um artista que vale muito a pena acompanhar. Conheci o trabalho do Thiago através da indicação de uma amiga, que citou o projeto Amahoy quando estava em financiamento no sistema Flex da plataforma Catarse que já tenho e já quero a continuação, tô na fila e adorei, tudo em um material de ótima qualidade e uma historinha muito cativante. O material disponível para leitura online de grátis seus mão de vaca não chora encontra-se no Tapastic como “O farol”, “Nubi”, “Carudo” tá bom gente chega tô com vergonha aqui porque não produzo nem metade de tudo isso nessa vida e uma parte de “Amahoy” a continuação tem que comprar a HQ seus puto. Em outra oportunidade conheci pessoalmente no Sinav e tietei mermo, mas não adiantou nada porque quem ganhou o sorteio do print foi a Cris aaaaah pude confirmar que a simpatia dos personagens é estendida ao ilustrador.

Cris e a felicidade de ganhar um print no sorteio

Este bacanudo desenhista abandonou alguns minutos de sua vida de luxo em uma cobertura duplex de Jardim da Penha entendedores entenderão para responder ás perguntas constrangedoras desta que vos digita e compartilhou a experiência de participar em eventos, contou sobre a carreira e muito mais, confiram aí:

1 - Me conta um pouco sobre seu trabalho como ilustrador, como tudo começou?
Eu desenho desde pequeno, e nunca parei de desenhar. Não lembro bem onde começou, lembro que quando eu tinha uns 08 ou 09 anos fazia uns quadrinhos em cadernos da escola e distribuía para a sala toda ler, tinha até um sistema de controle pra saber com quem estava os cadernos na semana, quando me devolviam os cadernos, os colegas anotavam ideias nas paginas, ou participavam na continuação das historias. Eram sempre com temas bem da idade mesmo, muita sacanagem, palavrões e desenhos copiados do que eu andava lendo, geralmente Ziraldo, gibis da Disney, muitas tiras de jornal, coisas do Angeli, Glauco, Jaguar, Adão Iturrusgarai, Calvin e Haroldo, Recruta zero e até as cobrinhas do Millôr, que eu não entendia nada mas adorava.
Sou natural de São Paulo, e trabalho desde os 14 anos, comecei como office boy de um escritório de despachante, rodando toda a grande São Paulo, e minha formação de desenho começou nos sebos e bancas do centro, garimpando gibis velhos e baratos com o troco que sobrava, depois fiz muita coisa, estive na primeira turma do curso de histórias em quadrinhos da Fábrica de Quadrinhos, lá pelo final dos anos 90, trabalhei como desenhista de brinquedos e produtos de madeira na Suiça, estudei produção gráfica e fui trabalhar como Designer Gráfico em distribuidora de filmes (já fiz capas de DVDs pra Jaspion, He-man, trabalhei com a saga crepúsculo e mais um monte de coisas) Nunca vivi de desenhar, na verdade sempre foi minha "segunda profissão". Hoje vivo em Vitória e trabalho como diretor de arte em agencia de publicidade, mas continuo fazendo meus trabalhos de ilustração como freelancer e criando meus projetos pessoais de quadrinhos e ilustração, desenhar ainda não é minha principal profissão, mas quem sabe um dia.

2 - Seu traço é fantástico, um estilo que já bato o olho e rola uma identificação imediata. Foi muito difícil chegar até ele?
Nunca é fácil, acho que ainda tenho muito pra estudar e melhorar, meio óbvio falar isso, mas é a real. Tem vezes que acho que ficou foda demais um desenho que fiz, mas passam alguns dias e quando olho de novo pra ele acho uma bosta. Acredito que isso é natural pra todo mundo, em algum momento a gente acaba chegando em um ponto que fica mais equilibrada essa sensação de gostar e não gostar do que faz e fica tudo mais confortável pra podermos nos soltar, e divertido de fazer. No geral desenhar me diverte muito, e sou muito influenciado pelas coisas que costumo consumir, como todo mundo acredito que seja, de desenhos animados a filmes, Instagram, quadrinhos e tudo mais. Aí vou fazendo coisas que gostaria de ver por ai. Sempre rola muito aquele papo de que é um traço meio infantil, meio indefinido, muito simples as vezes, é bem por ai que quero ir mesmo.

Amahoy e a fofura level hard
3 - Acompanhei o financiamento coletivo no Catarse de "Amahoy", pode nos contar um pouco como foi essa experiência e a reação do público, especialmente na CCXP2017?
Foi uma doideira, sério, é algo que eu não imaginava mesmo onde estava me metendo. O tempo foi matador e é algo que não recomendo que seja feito sozinho.
Sempre quis muito publicar uma HQ minha, desde que comecei a desenhar, mas sabe como é, trabalhar pra pagar as contas sempre foi a maior prioridade e toma a maior parte do tempo. Não sei bem como consegui tempo pra começar a fazer esse gibi, mas saiu! não é nem de longe o que imaginei como uma primeira publicação. A Reação da galera que acompanhava conforme eu produzia e publicava online, a empolgação de alguns amigos e a felicidade de ser selecionado para participar da CCXP, só incentivou mais ainda pra que acontecesse a versão impressa. E estamos, com certeza, no melhor momento para isso, nunca vimos o mercado de publicações independentes tão aquecido por aqui. O Catarse é uma das principais ferramentas pra quem quer publicar hoje em dia. E mesmo a minha campanha não chegando nos 100% da meta o livro saiu (consegui 70%), foi um sufoco, achei que não ia rolar, mas fiquei muito feliz com o resultado no final. Não sou um cara conhecido e minha primeira publicação não é algo muito comum de se ver por ai, mas mesmo assim a aceitação esta sendo bem positiva. Tive um retorno super legal da galera da cena dos quadrinhos, gente que sempre admirei e não imaginava que poderiam um dia ler algo que eu fiz. Durante o lançamento na CCXP o publico que passou pela minha mesa foi muito legal, recebi muitos feedbacks ali mesmo, de gente que comprou no primeiro dia e veio nos seguintes me contar o que achou. Os apoiadores da campanha, alias, super compreensíveis com todas as dificuldade de produção e distribuição, também me respondem com suas criticas e elogios e isso só me incentiva a ir em frente e produzir mais, corrigindo os erros pelo caminho e me preparando para a conclusão dessa historia no volume dois.

4 - Quais são os maiores desafios de ser um quadrinista no Brasil? Você percebe uma melhoria no interesse do público com o passar dos anos?
Como já disse, acho que esse é o melhor momento para publicação de obras independentes no Brasil, e a melhor fase para os quadrinhos também, de qualquer gênero. Nos últimos anos só vimos essa cena crescer por aqui, com muitos títulos e autores surgirem. Sempre tivemos quadrinhos de qualidade sendo produzido no nosso país, grandes autores e obras, mas pouco conhecidos para o publico em geral, tirando Mauricio de Souza é claro, que é um capitulo a parte na nossa cultura. Mas isso esta mudando, ainda bem, mesmo ainda sofrendo com o estigma de ser uma arte menor, ou coisa de criança, as vezes até algo meio alternativo e restrita a um mercado pequeno de leitores, vejo um movimento grande das HQs se popularizando e sendo valorizadas. Claro que falta ainda muito incentivo e espaço para divulgação e estudo, mas a internet é um dos principais meio nesse momento, e esta ajudando bastante. Existem também essas feiras de publicações que estão criando um novo mercado, e claro, os eventos de cultura pop como a CCXP, e outros. O cinema e as séries com as obras baseadas em HQs ajudam muito também, mas ainda falta espaço. Aqui no ES, por exemplo, temos pouquíssimos lugares para isso, poucas ou quase nenhuma feira, e nos quase 6 anos que estou por aqui, vi poucas loja com espaço para esse publico e nenhuma livraria ou loja especializada em HQs. As coisas parecem demorar um pouco mais pra chegar aqui, mas com todo esse movimento rolando espero que logo possamos ver essa cena crescendo e se popularizando por aqui também, ainda precisamos trabalhar muito pra que isso aconteça.

5- quais são seus projetos em andamento e futuros? Teremos novidades?
Atualmente estou só pensando na continuação de Amahoy, espero poder terminar essa história ainda nesse ano, se possível para a CCXP (se eu for selecionado novamente, claro).


No fim de maio vou participar do FIQ em BH, e estou bem empolgado com isso. Tenho planos para continuar a publicar durante o ano mais histórias de outros títulos que tenho na internet como, "O Carudo", "Nubi" e "O Farol" e estou trabalhando, quando consigo, em histórias para um gibi de aventura sobre uma menina Druida. O tempo para produção é sempre o maior inimigo, mas não pretendo parar de produzir quadrinhos, mesmo que devagar vou continuar enquanto puder =)

Bora!!!!
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Até mais!

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