quarta-feira, 2 de julho de 2014

Armon Entrevista: Kaji Pato


Fala galera! Tudo tranquilo?

Mais um mês começou e a Copa do Mundo está a todo vapor rumando para a sua conclusão. Nós do Estúdio tivemos uma pequena queda de rendimento com nossos quadrinhos impressos por diversos motivos mas estamos tentando a todo custo não deixar a peteca cair e é com esse espírito que chegamos para mais um Armon Entrevista. Esse mês temos o impressionante Carlos Antunes Siqueira Junior, mas talvez você o conheça apenas como Kaji Pato!

Kaji Pato foi um dos 5 vencedores do Brazil Manga Awards, o concurso nacional de mangás da JBC que visou trazer a público, que também existem muitos artistas brasileiros de mangá com qualidade tão boa quanto os importados. E os mangás de Kaji retratam bastante a força de vontade e o esforço brasileiro em fazer um trabalho bem feito. Hoje ele fala com a gente sobre diversos assuntos como BMA, sua obra Quack e sua visão de mundo. Vamos ler?

Estúdio Armon: É um enorme prazer entrevistar você, Kaji! Você foi um dos vencedores do BMA (Concurso Nacional de Mangás da Editora JBC), inclusive foi concorrente de 3 dos nossos desenhistas aqui do Estúdio. (Risos). Parabéns por essa conquista! Antes de falarmos sobre isso, nos conte como começou a sua paixão pelos quadrinhos!
Kaji Pato: Olá, Rapaz! É muito grande a honra também de estar conversando com o estúdio Armon, obrigado pela oportunidade de trocar algumas ideias, é sempre bom! Sobre minha paixão pelos quadrinhos, creio que já tenha acabado... Hoje o que eu sinto está mais para amor! (risos) Tudo começou na infância quando eu assistia desenhos animados e jogava videogame, isso com o desenho. Mas o lance dos quadrinhos veio realmente a aparecer em minha vida, quando eu comprei minha primeira “Desenhe e publique”, revista da qual era uma grande coletânea de quadrinhos brasileiros em um concurso nacional. Tentei participar, mas a revista que tinha em mãos era de 3 anos antes ou algo assim, e não pude participar. Desde então venho sonhando com histórias e personagens, e tudo que faço é tentar contar o que eles estão fazendo...

Armon: E a vontade de fazer suas próprias histórias? Como foram as primeiras que você fez?
Kaji: As primeiras que eu fiz, creio como todos no ramo eram copias de obras já existentes. Lembro-me até hoje do “Syborg Z”, que evidentemente era copia de Dragon ball Z do Lustroso Akira Toriyama. As posteriores foram ganhando um tom maior de originalidade, mas até hoje o Dragon Ball e o Yuyu Hakusho estão bem fixadas em meu mural de referências. Sempre gostei de aventuras, lutas e comédia. E por isso o começo de minhas histórias não foi tão bom, pois achava que tinha que fazer histórias sérias, me forçava a isso. Fui me descobrir com um mangá em 2008, do qual tenho muito carinho, chamado Pet Cemetery. Nele eu usei tudo o que tenho de piadas, e funcionou muito bem, teve 3 capítulos e o pessoal gostava muito. Porém arquivei-o para uma posterior volta mais madura.  Ainda quero fazer histórias sérias, mas hoje sei que minha linha é para o lado de humor aventura com uma pitada de épico... Gosto muito de ser assim.

Armon: Você tem muitas histórias já publicadas na internet. Tem alguma preferida? Alguma que não gosta tanto?
Kaji: minha preferida até então é sem dúvida o Pet Cemetery, o qual citei anteriormente, ela agora só está com seu primeiro capitulo online na minha página do facebook. Gosto muito do Sopa, Personagem principal que usa uma colher como arma espiritual. Sobre não gostar de alguma obra, acho que não gosto tanto de Cherry Pistol, publicado na Conexão Nanquim. Fora feito em uma época meio conturbada minha, e um personagem em especial, é inspirado em uma pessoa que eu gostaria de não ter conhecido. Acabou que botei muito de mim na história e perdi o gosto por fazê-la. Mas o personagem e toda a trama ainda cozinham em minha mente, futuramente quero fazer algo com o Punk Cherry Pistol.

Armon: Como conciliar a vida de desenhista com o dia a dia? Ser ilustrador é seu trabalho fixo ou você tem outra fonte de renda? Muitas pessoas nos julgam, os desenhistas por não termos um “trabalho de verdade”. Como lida com esse preconceito por parte da sociedade?
Kaji: Desculpa o palavreado, mas eu mando todo mundo ir cuidar da própria vida! Mando se danar mesmo! Eu trabalhei durante anos em empresa, e as coisas só começaram a melhorar quando me arrisquei e larguei meu trabalho, acreditando que o que eu tinha já era bom para se ganhar algum dinheiro. Hoje depois de 3 meses de minha auto demissão, estou envolvido em um quadrinho para um cliente estrangeiro e um quadrinho em ambiente nacional, e algumas propostas por fora de freelances. Deus está sendo muito bom comigo, e acho que no fundo o que falta em nós é coragem para dar a cara à tapa.

Armon: Como é o processo de criação de uma história? Quanto tempo passa em cada página e quais materiais costuma usar?
Kaji: Geralmente o processo é bem conturbado, sendo 70% dele, de pura depressão e matutagem de ideias e escrita do roteiro, monólogos em meu quarto, rabiscos, e por ai vai. Depois de tudo quando quase não tenho mais tempo, eu começo a desenhar a história, e como já tenho os personagens vivos dentro de mim. Fica mais fácil!!!
Atualmente estou estudando técnicas de roteiro, para ser menos relaxado nessa área.
Está sendo muito bom para mim, pois tendo um roteiro mais ajustado, parece que o desenho sai mais legal, pois eu fico mais empolgado.

Armon: Bom, vamos falar de BMA? Acho que você já deve estar cansado de falar disso, mas deve ter sido uma emoção enorme saber que foi um dos vencedores. Estava confiante de vencer o concurso quando se dispôs a fazer a sua história?
Kaji: Eu estava confiante de que estava fazendo o que é certo, como diz Platão, algo do tipo, aquele que sabe o que é certo, faz o que é certo. E é bem por ai, não poderia ganhar sem tentar, fiz para ganhar. E estava preparado para o caminho da vitória. Ganhei, agora estou seguindo os planos, que é manter essa oportunidade e fazer dela parte do meu caminho, que de qualquer maneira estaria lá.  Um desenhista de nosso meio, Ricardo Mango, disse uma vez, que não ganhou o concurso da Morning, pois tinha pensado com o segundo lugar. Ele disse que se estivesse pensado em ganhar, ele teria ganhado. Bem, fiquei com isso na minha mente, e pensei em ganhar esse concurso. Não fiquei em primeiro, mas com certeza esse pensamento me fez dar tudo de mim.

Armon: Pode nos falar um pouco sobre Quack? Tipo sinopse, como surgiu a ideia ou o que esperar dessa obra quando sair o tão aguardado encadernado do BMA.
Kaji: Quack conta a história de um dia na vida de Baltazar (o aviador) e Colombo (o pato). É uma história simples, com várias piadas e uma mensagem legal no final. De início eu queria que fosse uma história de batalha entre aviões, mas depois mudei para algo que mostrasse mais a personalidade de cada um dos personagens. Gosto muito de Patos hoje em dia, e pretendo fazer disso uma marca pessoal.

Armon: Outra pergunta que você já deve estar cansado de responder, mas preciso fazer aqui sem falta! (Risos). De onde vem esse apelido “Kaji Pato”? Como é seu nome completo de verdade? (Risos)
Kaji: Meu nome é Carlos Antunes Siqueira Júnior 3º (brincadeira! não tem o 3º (risos)). O apelido antigamente era simplesmente KAJI, nome que quase formava as iniciais de meu nome, CASJ, CAJI, KAJI... Kaji significa “incêndio” em japonês, eu gosto de pensar que existe uma chama acesa dentro do meu peito que me leva a sempre lutar pelo meu sonho. Mas há pouco tempo atrás fazendo Quack, eu inventei de colocar no meu facebook o “Kaji Pato Pato”, bem todo mundo aderiu e gostou. Eu gostei e decidi que Pato era um bom nome artístico, pois soava bem e era no meu idioma materno! Adoro meu Português Brasileiro, e acho que um bom artista não renega suas origens. Foi ai que surgiu o Kaji Pato.

Armon: Eu sempre pergunto isso para nossos entrevistados para saber qual é a visão de cada artista sobre isso. Qual a sua opinião sobre o mercado atual de mangás nacionais? Quais são as principais dificuldades de se publicar no Brasil?
Kaji: Mercado brasileiro não existe como conhecemos em outros países, então está na hora dos artistas tentarem se adaptar e seguir por linhas alternativas, como web comics e quadrinhos independentes. Acho que é o mais sensato a se fazer.

Armon: Quais são os desenhistas referência para o seu trabalho? Os que mais te inspiram? Pode citar artistas nacionais ou internacionais.
Kaji: Não só desenhistas, mas eu me inspiro muito em diretores e escritores também! Adoro Sylvester Stallone, ele é um escritor e diretor fantástico, apesar das pessoas só vê-lo como um mau ator. Gosto de desenhistas de mangá, mas não admiro gloriosamente nenhum mais do que Hayao Miyazaki (nausica, chihiro, Princesa Mononoke). Esse pra mim é o cara. Brasileiros, por enquanto tenho amigos que admiro, mas como referência na arte, não! Acho que para ser uma referência tem que ter conquistado algo, não só em termos técnicos, mas em conquistas de auto superação. E infelizmente não conheço muitos exemplos em nosso país. Um exemplo bom de nosso país é o Mauricio de Souza, admiro muito o trabalho dele. Mas ele é mais um homem de negócios hoje em dia. Eu gostaria que existissem caras do nível dele, porém que ainda continuassem na produção, aqui no brasil.

Armon: Recomenda aí algum mangá nacional de qualidade para os nossos leitores.
Kaji: Mangá nacional firmeza, é o do meu amigo Max Andrade, chamado Tools Challenge. Já está em seu segundo volume financiado pelo Cartase. É uma história que traz muito do autor, é muito legal! Conheço outros, muitos outros, mas seria meio que injusto tentar citar todos, pois eu acabaria esquecendo algum.

Armon: Quem quiser ler as suas obras, consegue achá-las onde? Deixe seus links de contato também para quem quiser conhecer mais seu trabalho!
Kaji: Tenho uma página no facebook que o pessoal pode entrar em contato comigo, o nome da página é:

Armon: Quais são os planos para o futuro? Novas obras, projetos? Pode nos contar um pouco do que vem por aí pelas mãos de Kaji Pato?
Kaji: Estou conversando bastante com minha noiva, ela escreve. Estamos querendo fazer algo junto para o BMA2. Algo com bastante glamour e critica. Penso que quero me envolver mais em coisas críticas agora, sem perder o humor.

Armon: Para finalizar, deixe um recado para os jovens aspirantes a desenhistas que querem fazer carreira nesse ramo.
Kaji: Okay vai ser bem diferente de tudo o que já disse, mas é uma forma rápida de dizer o que estou aprendendo hoje com a vida, ai vai:
Você não é especial por saber desenhar bem, não é especial por escrever bem, não é ao menos especial por ter habilidades incríveis ou extrema capacidade em determinada atividade. O que é especial é acreditar que pode escolher para que lutar, e em fim, agir! Existem milhares de milhares de artistas bons no mundo. Os que ganham são aqueles que agem!

Obrigado  vocês da estúdio Armon! Um abraço.

***

E essa foi a entrevista com o meu parceiro Kaji Pato!
Espero que tenham curtido o trabalho do cara porque eu já sou super fã! Compartilhem a entrevista para cada vez mais pessoas conhecerem esse talentoso artista brasileiro que em breve terá sua história Quack publicada pela JBC no especial do BMA!
Até a próxima!

3 comentários:

  1. Olha, ele usa Dreads :D Principalmente por suas entrevistas sou muito sua fã, Kaji, pensamos da mesma forma. :D

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  2. O Kaji é fera! Parabéns pelo trabalho!

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