Fala galera! Tudo tranquilo?
Mais um mês começou e a Copa do Mundo está a todo vapor rumando para a sua conclusão. Nós do Estúdio tivemos uma pequena queda de rendimento com nossos quadrinhos impressos por diversos motivos mas estamos tentando a todo custo não deixar a peteca cair e é com esse espírito que chegamos para mais um Armon Entrevista. Esse mês temos o impressionante Carlos Antunes Siqueira Junior, mas talvez você o conheça apenas como Kaji Pato!
Kaji Pato foi um dos 5 vencedores do Brazil Manga Awards, o concurso nacional de mangás da JBC que visou trazer a público, que também existem muitos artistas brasileiros de mangá com qualidade tão boa quanto os importados. E os mangás de Kaji retratam bastante a força de vontade e o esforço brasileiro em fazer um trabalho bem feito. Hoje ele fala com a gente sobre diversos assuntos como BMA, sua obra Quack e sua visão de mundo. Vamos ler?
Estúdio Armon: É um enorme prazer
entrevistar você, Kaji! Você foi um dos vencedores do BMA (Concurso Nacional de
Mangás da Editora JBC), inclusive foi concorrente de 3 dos nossos desenhistas
aqui do Estúdio. (Risos). Parabéns por essa conquista! Antes de falarmos sobre
isso, nos conte como começou a sua paixão pelos quadrinhos!
Kaji Pato: Olá, Rapaz! É muito grande a honra
também de estar conversando com o estúdio Armon, obrigado pela oportunidade de
trocar algumas ideias, é sempre bom! Sobre minha paixão pelos quadrinhos, creio
que já tenha acabado... Hoje o que eu sinto está mais para amor! (risos) Tudo
começou na infância quando eu assistia desenhos animados e jogava videogame,
isso com o desenho. Mas o lance dos quadrinhos veio realmente a aparecer em
minha vida, quando eu comprei minha primeira “Desenhe e publique”, revista da
qual era uma grande coletânea de quadrinhos brasileiros em um concurso
nacional. Tentei participar, mas a revista que tinha em mãos era de 3 anos
antes ou algo assim, e não pude participar. Desde então venho sonhando com
histórias e personagens, e tudo que faço é tentar contar o que eles estão
fazendo...
Armon: E a vontade de
fazer suas próprias histórias? Como foram as primeiras que você fez?
Kaji: As primeiras que eu fiz, creio
como todos no ramo eram copias de obras já existentes. Lembro-me até hoje do “Syborg
Z”, que evidentemente era copia de Dragon ball Z do Lustroso Akira Toriyama. As
posteriores foram ganhando um tom maior de originalidade, mas até hoje o Dragon
Ball e o Yuyu Hakusho estão bem fixadas em meu mural de referências. Sempre
gostei de aventuras, lutas e comédia. E por isso o começo de minhas histórias
não foi tão bom, pois achava que tinha que fazer histórias sérias, me forçava a
isso. Fui me descobrir com um mangá em 2008, do qual tenho muito carinho,
chamado Pet Cemetery. Nele eu usei tudo o que tenho de piadas, e funcionou
muito bem, teve 3 capítulos e o pessoal gostava muito. Porém arquivei-o para
uma posterior volta mais madura. Ainda quero
fazer histórias sérias, mas hoje sei que minha linha é para o lado de humor
aventura com uma pitada de épico... Gosto muito de ser assim.
Armon: Você tem muitas
histórias já publicadas na internet. Tem alguma preferida? Alguma que não gosta
tanto?
Kaji: minha preferida até então é sem
dúvida o Pet Cemetery, o qual citei anteriormente, ela agora só está com seu
primeiro capitulo online na minha página do facebook. Gosto muito do Sopa,
Personagem principal que usa uma colher como arma espiritual. Sobre não gostar
de alguma obra, acho que não gosto tanto de Cherry Pistol, publicado na Conexão
Nanquim. Fora feito em uma época meio conturbada minha, e um personagem em
especial, é inspirado em uma pessoa que eu gostaria de não ter conhecido.
Acabou que botei muito de mim na história e perdi o gosto por fazê-la. Mas o
personagem e toda a trama ainda cozinham em minha mente, futuramente quero
fazer algo com o Punk Cherry Pistol.
Armon: Como conciliar a
vida de desenhista com o dia a dia? Ser ilustrador é seu trabalho fixo ou você
tem outra fonte de renda? Muitas pessoas nos julgam, os desenhistas por não
termos um “trabalho de verdade”. Como lida com esse preconceito por parte da
sociedade?
Kaji: Desculpa o palavreado, mas eu
mando todo mundo ir cuidar da própria vida! Mando se danar mesmo! Eu trabalhei
durante anos em empresa, e as coisas só começaram a melhorar quando me
arrisquei e larguei meu trabalho, acreditando que o que eu tinha já era bom
para se ganhar algum dinheiro. Hoje depois de 3 meses de minha auto demissão, estou
envolvido em um quadrinho para um cliente estrangeiro e um quadrinho em
ambiente nacional, e algumas propostas por fora de freelances. Deus está sendo
muito bom comigo, e acho que no fundo o que falta em nós é coragem para dar a
cara à tapa.
Armon: Como é o processo
de criação de uma história? Quanto tempo passa em cada página e quais materiais
costuma usar?
Kaji: Geralmente o processo é bem
conturbado, sendo 70% dele, de pura depressão e matutagem de ideias e escrita
do roteiro, monólogos em meu quarto, rabiscos, e por ai vai. Depois de tudo
quando quase não tenho mais tempo, eu começo a desenhar a história, e como já
tenho os personagens vivos dentro de mim. Fica mais fácil!!!
Atualmente estou estudando técnicas
de roteiro, para ser menos relaxado nessa área.
Está sendo muito bom para mim, pois
tendo um roteiro mais ajustado, parece que o desenho sai mais legal, pois eu
fico mais empolgado.
Armon: Bom, vamos falar de BMA? Acho que você já deve estar cansado de falar
disso, mas deve ter sido uma emoção enorme saber que foi um dos vencedores.
Estava confiante de vencer o concurso quando se dispôs a fazer a sua história?
Kaji: Eu estava confiante de que estava
fazendo o que é certo, como diz Platão, algo do tipo, aquele que sabe o que é
certo, faz o que é certo. E é bem por ai, não poderia ganhar sem tentar, fiz
para ganhar. E estava preparado para o caminho da vitória. Ganhei, agora estou
seguindo os planos, que é manter essa oportunidade e fazer dela parte do meu
caminho, que de qualquer maneira estaria lá.
Um desenhista de nosso meio, Ricardo Mango, disse uma vez, que não
ganhou o concurso da Morning, pois tinha pensado com o segundo lugar. Ele disse
que se estivesse pensado em ganhar, ele teria ganhado. Bem, fiquei com isso na
minha mente, e pensei em ganhar esse concurso. Não fiquei em primeiro, mas com
certeza esse pensamento me fez dar tudo de mim.
Armon: Pode nos falar um
pouco sobre Quack? Tipo sinopse, como surgiu a ideia ou o que esperar dessa
obra quando sair o tão aguardado encadernado do BMA.
Kaji: Quack conta a história de um dia
na vida de Baltazar (o aviador) e Colombo (o pato). É uma história simples, com
várias piadas e uma mensagem legal no final. De início eu queria que fosse uma
história de batalha entre aviões, mas depois mudei para algo que mostrasse mais
a personalidade de cada um dos personagens. Gosto muito de Patos hoje em dia, e
pretendo fazer disso uma marca pessoal.
Armon: Outra pergunta que você já deve estar cansado de responder, mas
preciso fazer aqui sem falta! (Risos). De onde vem esse apelido “Kaji Pato”?
Como é seu nome completo de verdade? (Risos)
Kaji: Meu nome é Carlos Antunes Siqueira
Júnior 3º (brincadeira! não tem o 3º (risos)). O apelido antigamente era
simplesmente KAJI, nome que quase formava as iniciais de meu nome, CASJ, CAJI,
KAJI... Kaji significa “incêndio” em japonês, eu gosto de pensar que existe uma
chama acesa dentro do meu peito que me leva a sempre lutar pelo meu sonho. Mas há
pouco tempo atrás fazendo Quack, eu inventei de colocar no meu facebook o “Kaji
Pato Pato”, bem todo mundo aderiu e gostou. Eu gostei e decidi que Pato era um
bom nome artístico, pois soava bem e era no meu idioma materno! Adoro meu
Português Brasileiro, e acho que um bom artista não renega suas origens. Foi ai
que surgiu o Kaji Pato.
Armon: Eu sempre pergunto
isso para nossos entrevistados para saber qual é a visão de cada artista sobre
isso. Qual a sua opinião sobre o mercado atual de mangás nacionais? Quais são
as principais dificuldades de se publicar no Brasil?
Kaji: Mercado brasileiro não existe como
conhecemos em outros países, então está na hora dos artistas tentarem se
adaptar e seguir por linhas alternativas, como web comics e quadrinhos
independentes. Acho que é o mais sensato a se fazer.
Armon: Quais são os
desenhistas referência para o seu trabalho? Os que mais te inspiram? Pode citar
artistas nacionais ou internacionais.
Kaji: Não
só desenhistas, mas eu me inspiro muito em diretores e escritores também! Adoro
Sylvester Stallone, ele é um escritor e diretor fantástico, apesar das pessoas
só vê-lo como um mau ator. Gosto de desenhistas de mangá, mas não admiro
gloriosamente nenhum mais do que Hayao Miyazaki (nausica, chihiro, Princesa
Mononoke). Esse pra mim é o cara. Brasileiros, por enquanto tenho amigos que
admiro, mas como referência na arte, não! Acho que para ser uma referência tem
que ter conquistado algo, não só em termos técnicos, mas em conquistas de auto
superação. E infelizmente não conheço muitos exemplos em nosso país. Um exemplo
bom de nosso país é o Mauricio de Souza, admiro muito o trabalho dele. Mas ele
é mais um homem de negócios hoje em dia. Eu gostaria que existissem caras do
nível dele, porém que ainda continuassem na produção, aqui no brasil.
Armon: Recomenda aí algum mangá nacional de qualidade para os
nossos leitores.
Kaji: Mangá nacional firmeza, é o do meu
amigo Max Andrade, chamado Tools Challenge. Já está em seu segundo volume
financiado pelo Cartase. É uma história que traz muito do autor, é muito legal!
Conheço outros, muitos outros, mas seria meio que injusto tentar citar todos, pois
eu acabaria esquecendo algum.
Armon: Quem quiser ler as
suas obras, consegue achá-las onde? Deixe seus links de contato também para
quem quiser conhecer mais seu trabalho!
Kaji: Tenho uma página no facebook que o pessoal pode entrar em
contato comigo, o nome da página é:
Armon: Quais são os
planos para o futuro? Novas obras, projetos? Pode nos contar um pouco do que
vem por aí pelas mãos de Kaji Pato?
Kaji: Estou conversando bastante com minha noiva, ela escreve.
Estamos querendo fazer algo junto para o BMA2. Algo com bastante glamour e
critica. Penso que quero me envolver mais em coisas críticas agora, sem perder
o humor.
Armon: Para finalizar,
deixe um recado para os jovens aspirantes a desenhistas que querem fazer
carreira nesse ramo.
Kaji: Okay vai ser bem diferente de tudo
o que já disse, mas é uma forma rápida de dizer o que estou aprendendo hoje com
a vida, ai vai:
Você não é especial por saber
desenhar bem, não é especial por escrever bem, não é ao menos especial por ter
habilidades incríveis ou extrema capacidade em determinada atividade. O que é
especial é acreditar que pode escolher para que lutar, e em fim, agir! Existem
milhares de milhares de artistas bons no mundo. Os que ganham são aqueles que
agem!
Obrigado vocês da estúdio Armon! Um abraço.
***
E essa foi a entrevista com o meu parceiro Kaji Pato!
Espero que tenham curtido o trabalho do cara porque eu já sou super fã! Compartilhem a entrevista para cada vez mais pessoas conhecerem esse talentoso artista brasileiro que em breve terá sua história Quack publicada pela JBC no especial do BMA!
Até a próxima!
Olha, ele usa Dreads :D Principalmente por suas entrevistas sou muito sua fã, Kaji, pensamos da mesma forma. :D
ResponderExcluirO Kaji é fera! Parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirMe aguarde, Sr. Kaji Pato
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