Bom dia, pessoal! Tudo certo?
Mais um Armon Entrevista chegando na parada! Nem preciso dizer que a postagem novamente mudou de dia, né? Ao invés do sábado, agora nossas entrevistas irão ao ar na primeira quarta-feira do mês. O nosso entrevistado do mês de setembro é quadrinista de terror Giorgio Galli Neto!
Morador de Araruama-RJ, Giorgio é formado em jornalismo e pós-graduado em marketing, ilustração e design. Trabalha como ilustrador, designer e professor de quadrinhos na sua empresa própria, a Gico Comunicações. Sua principal história se chama "Salomão Ventura" uma HQ que conta sobre um caçador de lendas brasileiras. Isso mesmo! Ventura percorre todo o Brasil misteriosamente em busca de derrotar as facetas malignas que figuras como Saci, Curupira e a Cuca podem apresentar. Porque desde o inicio dessas lendas, elas foram contadas para assustar e segundo Giorgio, elas perderam essa finalidade. Em Salomão Ventura, ele busca resgatar o lado sombrio de nossas lendas.
Vamos ver a entrevista?
Estúdio Armon: Olá, Giorgio. É um prazer
entrevistá-lo. Para começar, nos conte como foi seu primeiro contato com os
quadrinhos.
Giorgio Galli Neto: É um
prazer estar aqui!
Meu primeiro
contato foi bem jovem, tipo uns 4, 5 anos... Minha mãe sempre nos incentivou a
ler, seja lá o que fosse. Mas quando topei com os gibis da Marvel publicados na
época pela Bloch, fiquei fisgado!
Armon: Antes de falarmos de Salomão
Ventura, você realiza um trabalho bem amplo no campo das artes. Conte-nos um
pouco sobre a Gico Comunicação e como ela surgiu.
Giorgio: Minha
agência é a única aqui na minha cidade (Araruama, Região dos Lagos do Rio de
Janeiro). Sou formado em jornalismo, com pós-graduação em Marketing e Design, e
atuo nessas áreas prestando serviços para empresas. A Gico Comunicação presta
serviços de design, ilustração e HQs institucionais, e já estamos atuando como
empresa há cinco anos.
Armon: Você também dá um curso de HQ!
Não é difícil encontrar tempo para tantas atividades?
Giorgio: Na
verdade, não é nada fácil! O jeito é organizar a agenda para caber tudo
direitinho, e ainda sobrar tempo para o lazer e para a família.
Armon: Nos conte um pouco sobre Salomão
Ventura e como foi a sua criação.
Giorgio: Salomão
Ventura foi criado por volta de 2005, mas ainda não tinha esse nome. A princípio
ele seria um detetive paranormal que investigava as assombrações Brasil afora;
o projeto começou, mas por conta de outras atividades fiz só umas 10 páginas
dessa primeira versão (onde o caçador era ruivo, e usava rabo-de-cavalo!).
Em 2010,
quando terminava minha pós em design e ilustração, tinha que preparar um TCC
onde o tema era bem amplo. Resolvi me divertir enquanto trabalhava, e decidi
fazer um trabalho prático/teórico chamado “A criação de uma HQ de terror
baseada no folclore brasileiro”. A parte prática foi o desenvolvimento da HQ do
Caçador de Lendas, agora bem diferente da primeira versão: bem mais sinistra e
violenta e voltada para um público mais maduro. Enquanto terminava parte da HQ,
surgiu um concurso de quadrinhos de terror promovido pela operadora Oi, que
tinha planos de levar conteúdo de quadrinhos para os celulares. Minha HQ, mesmo
tendo inscrito só o prólogo (contando a “origem” do Saci), foi vencedora! E
isso me deu mais força para concluir a primeira edição e publicá-la de forma
independente. De lá para cá não parei mais.

Giorgio: Para ser
sincero, não. Era um grande tiro no escuro! Pra começar, o gênero terror já não
gozava da mesma popularidade que tinha nos anos 80; segundo, a HQ era NO Brasil
e SOBRE personagens brasileiros; e terceiro, nada de super-heróis coloridos e
mangá, que é o que vende por aqui. Foi bom receber críticas positivas e uma
resposta bacana dos leitores!
Armon: Porque o gênero terror?
Giorgio: Por que
eu simplesmente ADORO terror! Quadrinhos, filmes, livros... Quando o assunto é
terror, não tenho barreiras. Pareceu-me natural escolher esse gênero para fazer
minha estreia como autor independente de quadrinhos.
Armon: Qual o processo que você utiliza
para fazer a HQ, desde os esboços até a revista impressa pronta?
Giorgio: Primeiro,
eu penso um tema, uma linha-guia para balizar a história, e deixo “cozinhando”
na caixola. Geralmente esse tema vai junto com o protagonista / antagonista da
história (por exemplo, na segunda edição do Salomão Ventura eu já sabia que ia
ter o Curupira, e como pano de fundo a biopirataria na Amazônia, além de uma
trolagem com os filmes de ação dos anos 80/90. Junte tudo isso em banho-maria e
buuuum: uma hora a história surge).
Assim que
tenho o “estalo” de como a história vai começar, se desenvolver e
principalmente terminar, eu sento para escrever o roteiro. Primeiro faço um
resumão por página (uma linha de uma folha pautada por página de quadrinhos).
Depois escrevo o roteiro formal, que pode ser em forma de quadrinhos, ou
digitado mesmo. Salomão Ventura #3 eu escrevi o roteiro inteiro para só depois
fazer as thumbnails; já a quarta edição fiz o roteiro já em forma de
quadrinhos. Depende muito do tempo que tenho.
Com o
roteiro pronto, passo para o esboço em formato A3. Esse esboço, quase em
formato final, é digitalizado, e em cima dele preparo os textos. Só depois dos
textos no lugar faço a arte-final, toda no computador. Depois é só montar o
arquivo em PDF e enviar para a gráfica.
Armon: Com a popularização da internet,
o papel está perdendo um pouco o mercado. Compensa fazer as revistas impressas
e disponibilizar também na internet?
Giorgio: A revista
impressa ainda é a grande vedete, pois só publicando na internet você não
consegue toda a visualização que um impresso tem. O ideal, creio, é misturar as
duas estratégias: publicar em papel primeiro, e posteriormente distribuir
digitalmente.
Armon: A edição 04 está em produção.
Pode nos contar um pouco do que vem por aí?
Giorgio: Nessa
edição, que será em formato livro, com 80 páginas, vamos finalmente ficar
sabendo quem – ou o quê – é o Caçador de Lendas, além de apresentar aos
leitores minha versão da Cuca. Só para adiantar, não tem nada de jacaré louro
na história.

Giorgio:
Nacionais, com certeza Mozart Couto, Flavio Colin, Shima, Gabriel Bá, Fábio
Moon, Rafael Grampa, Watson Portela, Danilo Beyruth. Internacionais: Mike
Mignola, John Buscema, Jack Kirby, Moebius, Eduardo Risso, Brian Bolland.
Armon - Você vê quais obstáculos quando
o assunto é quadrinhos no Brasil?
Giorgio: Como
autor independente, o principal obstáculo é com certeza a distribuição. O
Brasil é imenso, e distribuir uma HQ independente com baixa tiragem beira o
impossível. O jeito é apelar para o envio por correios, o que encarece bastante
para o leitor.
Giorgio: Temos uma
loja virtual no facebook. Basta entrar na página do personagem, e clicar na aba
“loja virtual”. Lá estão à venda todas
as edições, além de pacotes promocionais, com frete a R$ 4,00 para todo o país.
Armon: Deixe um recado para os leitores
do Estúdio Armon que queiram seguir carreira no desenho
ou nas artes gráficas.
Giorgio: Já virou
chavão falar isso, mas o lance é acreditar no seu sonho, treinar muito e permanecer
em um estado de insatisfação eterna, o que vai fazer você melhorar a cada
página. Estude, treine, desenhe a cada segundo que puder!
Obrigado pela honra de conceder essa
entrevista ao Estúdio! Eu que agradeço! Um abração!
Essa foi a entrevista de Giorgio Galli Neto, mais um impressionante artista brasileiro! Não é fácil desenhar o gênero terror, ainda mais tratando um tema tão brasileiro como folclore! Eu adquiri as revistas e adorei a qualidade do material. É impressionante o traço, o clima que a história passa, os regionalismos à parte. Salomão Ventura - O Caçador de Lendas é realmente mais uma relíquia no cenário brasileiro de HQs. O Giorgio deu a dica ali em cima, então curte a fanpage no facebook e pede já o seu pacote! Vocês também podem acompanhar o andamento do trabalho pelo blog da HQ:
Nós do Estúdio Armon desejamos muito sucesso nessa caçada, Giorgio! Estaremos acompanhando seu trabalho de perto e que Salomão Ventura tenha muitos e muitos casos ainda para resolver! Haha!
Até a próxima!
Brilhante trabalho, comparável aos da antiga revista Krypta, e com o bônus de abordar um tema original que é a discussão do folclore em nossa cultura, nunca antes abordado tão a fundo e elucidativo por um autor de quadrinhos!
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