Opa! Eaí pessoal, como estão? Tudo certo?
Esse mês de junho o "Armon Entrevista" vai ser com uma grande parceira do Estúdio Armon: Adriana Yumi!
Ela tem 24 anos, formada em química pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e uma das desenhistas brasileiras mais conhecidas atualmente! Um grande diferencial do seu trabalho com quadrinhos é o equilíbrio entre romance e química de seu mangá "Sigma-Pi', que além de passar uma história de comédia e paixão, ainda ensina os fundamentos básicos da disciplina!
Começou o mangá independente "Sigma Pi" no final de 2009, aonde já participou de eventos como Anime Dreams, Anime Friends e Animecon, expondo seu trabalho em feiras de HQs independentes, que ocorrem dentro destes eventos. Atualmente está na produção da edição 8.
Vamos a entrevista!
Estúdio Armon: Olá Adriana! Qual foi o seu primeiro contato com o mundo dos
quadrinhos? E quando foi?
Adriana Yumi: Olá a todos! É um prazer estar dando esta entrevista para o
blog!
Meu primeiro contato com os quadrinhos foi com as HQs da
Turma da Mônica, quando eu era bem pequena. Minha mãe contava que na época
(ainda não sabia ler direito), eu pegava as revistas e ficava “contando” o que
estava acontecendo, só de ver os desenhos. XD
Depois que aprendi a ler, pegava muitas das revistas da
Mônica para leitura, e um pouco mais tarde comecei a ler muito material da
Disney (principalmente HQs do Pato Donald). Lá pro colegial, vieram os mangás e
atualmente pego de tudo um pouco pra leitura, apesar do meu gosto principal
para ler quadrinhos serem os mangás.
Armon: Como surgiu a ideia para a criação do Sigma Pi? Já tinha
feito algum trabalho com quadrinhos antes?
Adriana: A ideia da criação do Sigma Pi começou de uma forma bem
inesperada, veio a partir de uma ideia que eu tive enquanto ia pra faculdade.
Na época estava voltando a mexer com quadrinhos, mas eram HQs baseadas em
outras séries. Estava querendo ter algo de criação original, algo meu mesmo,
quando pensei em juntar o estilo que gosto, o shoujo mangá, com conceitos de
Química, já que cursava Química e achei que seria legal ter um “algo a mais” na
história. A partir daí, foram alguns meses de estudo de roteiro e personagens.
Bem antes, lá pra 2003 tinha começado um fanzine junto de
uma amiga minha, mas só ficou no número 1, que tinha como temática bruxas e
magia. Na mesma época também fiz um outro fanzine, mais voltado para RPG, só
que também não foi pra frente. Depois disso, havia feito uma pausa na produção
de quadrinhos e só desenhava por hobby, quando resolvi voltar com as HQs em
2009, com o Sigma Pi.
Armon: Quando você desenhou os primeiros esboços da história, tinha
noção das proporções que ela tomaria e de que chegaria até aqui?
Adriana: Não, nem pensava pela minha cabeça que o Sigma Pi iria virar
tudo isso que é hoje! XD
De início, o Sigma Pi era pra ser uma comédia, mais ou menos
no estilo Ouran Host Club. Iria ser bem comédia pastelão, com o lance dos
clubes também e um deles seria o de Química. Por influência de alguns mangás
que estava lendo na época, resolvi mudar o conceito e fazer algo em que pudesse
trabalhar mais a personalidade de cada personagem.
Armon: Sei que muita gente pergunta isso mas "por que
quimica"? =P
Adriana: O motivo de colocar a química no meio se deve pelo fato de
ter cursado Química (já sou formada no curso) e achei que seria interessante
usar alguns conceitos desta ciência e relacionar com algo do cotidiano, ou com
os próprios personagens. Com o passar do tempo isso se tornou mais focado em
demonstrar que a mesma está presente no nosso dia a dia, mas todos os
conceitos, experimentos, etc, tento passar de forma que fique atraente e resumido
para o leitor, senão vai parecer livro didático. XD
Armon: O Sigma-Pi tem como objetivo ser um trabalho para faculdade,
mas acabou se tornando algo comercial. Como você enxerga o mercado de
quadrinhos no Brasil?
Adriana: O mercado de quadrinhos no Brasil ainda anda bem lento, se
comparado com outros países que já tem todo um esquema voltado para a venda dos
mesmos como produto comercial. Temos bons quadrinistas pela net e algo que eu
vejo bastante é muita gente produzindo suas HQs online, pois não tem o custo de
impressão (ou esta pode ser feita mais tarde, após alcançar um certo público) e
o retorno/feedback dos leitores é mais rápido. Além disso, algo que eu vejo
dando certo no país são as tirinhas, temos muita gente que produz tirinhas
online e conseguem um bom retorno dos fãs.
Armon: Qual a sua maior dificuldade (ou obstáculo) na produção
independente de Sigma-Pi?
Adriana: Acredito que seja conciliar o tempo de produção com outros
afazeres. Gostaria de poder lançar uma edição em uma periodicidade maior, por
exemplo a cada 3 meses, mas o ritmo de trabalho ficaria muito puxado. Fora a
quantidade de páginas com que trabalho, que fica na média de 40-50 páginas por
capítulo. Mas é um trabalho que gosto bastante, aprendi muito e espero
continuar aprendendo enquanto faço o Sigma Pi e espero que os leitores também
continuem gostando da série.
Armon: Quais são os quadrinistas em que você mais se inspira,
nacionais ou não.
Adriana: Quanto a roteiro, busco inspiração em Honey and Clover e
Nana, por tratarem bem do relacionamento dos personagens. Também gosto da forma
como o grupo CLAMP escreve algumas de suas histórias, como em Tokyo Babylon e
Sakura Card Captors.
Recentemente li Hikaru no Go e achei muito bom o roteiro da
Yumi Hotta, é legal ver o amadurecimento dos personagens no decorrer da série.
Quanto ao traço, me inspiro
muito em várias autoras shoujo, como Arina Tanemura, Go Ikeyamada, Chiho Saito,
CLAMP; e entre autores de shonen, Takeshi Obata e Akira Amano.
Armon: Tem algum fanzine ou quadrinho nacional que você gostaria de
recomendar para quem está lendo a entrevista?
Adriana: Quanto a trabalhos independentes, gosto muito do Vidas
Imperfeitas, da Mariana Cagnin (http://fanzinevidasimperfeitas.blogspot.com.br/), cuja história está completa.
Espero que futuramente ela faça mais histórias, pois gosto do jeito como ela
escreve a história e seu traço é muito bom, recomendo pra quem goste de
histórias no estilo de NANA. Também recomendo a revista digital Conexão Nanquim
(http://www.conexaonanquim.blogspot.com/), que contém várias histórias, com
traço e roteiro de qualidade, e cada vez mais está aumentando o seu público.
Cheguei a publicar uma one-shot numa das edições da revista, quando ainda se
chamava Revista Nanquim.
Por fim, recomendo os trabalhos de três amigas minhas:
Rhe-EX (http://ac-ds.blogspot.com.br/) e Braas (que sai na revista Comica
Magazine: http://comicamagazine.com/), da Aline Diniz, Dragon Tales
(http://www.camila-cah.com/Dragon_Tales/), da Camila Poszar e SPY Project
(http://cantinhodakari.blogspot.com.br/), da Karina Esteves. Rhe-EX e Braas
contém elementos encontrados em mangás shounen, Dragon Tales mistura
magia/dragões e SPY Project tem elementos de ficção científica aliados a
batalhas e romance.
Sem contar que o traço delas é bom, recomendo!
Quanto a quadrinhos nacionais, adoro as tirinhas de Os
passarinhos (http://ospassarinhos.wordpress.com/), do Estevão Ribeiro. O humor
contido nelas é sensacional, e os personagens são bastante carismáticos!
Recomendo também o trabalho do Studio Seasons, com Zucker, publicado pela
editora NewPop. É um shoujo com traço bem delicado e bastante gostoso de ler.
Sei que devem ter muito mais trabalhos bons, mas no momento
foram esses que lembrei de cabeça, então me desculpem caso esqueci de alguém.
XD
Armon: Ainda a respeito de Sigma-Pi, esse mês de maio ficou pronto
o capitulo 7 da história. Todo capitulo você ensina conceitos básicos da
quimica. O que será ensinado nesse novo capitulo?
Adriana: Neste capítulo novo, resolvi abordar sobre um experimento de
isopor com acetona e aproveitar para falar sobre polímeros, compostos que estão
muito presentes no nosso dia a dia. Plásticos, borrachas, pneus, são todos
polímeros que usamos bastante.
Armon: Você já consegue enxergar o final da história?
Adriana: Sim, já tenho planejado o final da história, falta apenas
escrever o roteiro detalhado. Se tudo der certo, ele fecha com 20 edições. Já
pensei em resumir algumas partes pra poder fechar com menos edições, mas isso
iria comprometer o roteiro e como andei mexendo em algumas coisas da história,
reduzir o número de capítulos não iria ficar bom. Então decidi fazer a história
do jeito que eu quero, vai demorar mais pra acabar e não sei se até lá vai ter
alguém acompanhando ainda (XD) mas pelo menos vai fechar com a história
completinha.
Armon: Tem alguma intenção de trabalhar com quadrinhos no futuro ou
você pretende seguir carreira na quimica e deixar os quadrinhos como hobbie? Ou
talvez até nenhum dos dois, o que você tem em mente pro futuro?
Adriana: Tenho em mente continuar meu trabalho com o Sigma Pi na
pós-graduação (mestrado), ainda esse ano. Mas independente de entrar como
projeto acadêmico ou não, pretendo finalizar essa série.
Como sempre na vida, temos que ter um plano B e caso não
consiga entrar na pós graduação no meio deste ano, pretendo arranjar algum
trabalho voltado para ilustração ou ir para a indústria e paralelamente,
continuar com o Sigma Pi como projeto independente.
Armon: Quem quiser ler Sigma-Pi hoje desde o começo, o que tem que
fazer? Como adquirir?
Adriana: Quem quiser ler o Sigma Pi, pode ler online no seguinte
link: http://www.sigmapi-project.com/p/capitulos.html
Ou adquirir as edições via correios.
(Clique na imagem para visitar o site)
Armon: Deixe um recado ou dica para fanzineiros que estão começando
agora e querem trabalhar com isso no Brasil.
Adriana: Vai parecer clichê o que vou dizer, mas acho que é o melhor
conselho: Não desista e treine seu traço SEMPRE. Não tenha medo de divulgar seu
quadrinho, não tem como saber se ele vai agradar às pessoas se não tentar.
Troque ideias com pessoas que também fazem quadrinhos, peça
opiniões sobre o que acharam de seu trabalho, e principalmente, aceite
críticas. Elas são importantes para a evolução de um artista, mas também saiba
filtrá-las, é bom levar em conta se aquela crítica vai te ajudar no momento ou
não. Trabalhar com HQs é algo que a pessoa tem que gostar mesmo e não esperar ficar
milionário da noite pro dia, mas é algo que pelo menos pra mim, vale cada tempo
com a prancheta na mão! XD
Nossa querida parceira ainda fez um FanArt bem estiloso do nosso fanzine "A Princesa de Bernardes", deem uma olhada no lindo traço dessa menina:
Artur e Mai de "A Princesa de Bernardes" por Adriana Yumi
Para retribuir a gentileza, nosso desenhista Lucas Gesse Dalphorno também fez um FanArt meio Crossover entre nossos personagens! xD
Branca de "Sigma-Pi", Takezo de "Talento FC" e Artur de "A Princesa de Bernardes" por Lucas Gesse Dalphorno.
Agradecemos muito a entrevista e espero que tenham gostado! Compartilhem para todos conhecerem esse belíssimo trabalho de Adriana Yumi que ensina ao mesmo tempo que diverte!
Sucesso, Adriana! Estamos aí para o que precisar! Obrigado pelo apoio!
Até mais, galera!
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